Todos os louvores são para Allah.
O dever do muçulmano para com um não-muçulmano inclui uma série de coisas:
Em primeiro lugar:
Da'wah ou convidá-lo para Allah, glorificado e exaltado seja. O muçulmano deve chamá-lo para Allah e explica-lo a realidade do Islam quando possível, com relação a quaisquer questões sobre as quais ele tenha conhecimento, porque esta é a maior gentileza que ele pode dar aos seus concidadãos e àqueles que conhece entre os judeus, cristãos e outros que podem ser mushrikin (politeístas), já que o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Aquele que guia os outros para o bem terá uma recompensa como a de quem o pratica (quer dizer, o bem).” E ele (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse a 'Ali (que Allah esteja satisfeito com ele), quando o enviou a Khaibar e o instruiu a convidar os judeus ao Islam: “Por Allah, se Allah guiasse um homem através de ti, isso te seria melhor do que possuir camelos vermelhos (o melhor tipo).” E ele (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Quem quer que chame os outros para a orientação correta terá uma recompensa como a daqueles que a seguem, sem que isso diminua em nada a recompensa deles.”
Portanto, chamá-lo (o não-muçulmano) para o Islam, transmitindo o Islam e sendo sincero com ele, está entre os melhores meios de se aproximar de Allah.
Em segundo lugar:
O muçulmano não deve prejudicá-lo, no que diz respeito ao seu bem-estar físico, sua riqueza ou sua honra. Se ele for um dhimmi (não-muçulmano vivendo sob domínio muçulmano), musta'man (aquele que recebe segurança em uma terra muçulmana) ou mu'aahid (aquele cujo país os muçulmanos têm um acordo de paz), então deve-se dar os devidos direitos, e não transgredir a riqueza deles roubando, traindo ou enganando, e não se deve machucá-lo fisicamente golpeando-o ou matando-o, porque o fato de ele ser um mu'aahid, dhimmi, ou musta'man, significa que ele é protegido pela shari'ah.
Em terceiro lugar:
Não há razão para não interagirmos com ele, comprando, vendendo, alugando, contratando e assim por diante. É narrado nos relatos sahih que o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) havia comprado dos kuffaar que eram adoradores de ídolos, também comprou de judeus, e essas são interações. Quando ele (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) morreu, seu escudo estava penhorado a um judeu por um pouco de comida que havia sido comprada para sua família (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele).
Em quarto lugar:
Com relação à saudação, o muçulmano não deve iniciar a saudação, mas pode devolvê-la, porque o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Não inicie a saudação de salam aos judeus ou cristãos”. E ele (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Se o povo do Livro vos cumprimentar com salam (dizendo as-salamu 'alaikum), respondei 'Wa 'alaikum'”. Portanto, o muçulmano não deve iniciar a saudação a um kaafir, mas se o kaafir, o judeu ou cristão etc cumprimentá-lo com salam, então você deve dizer “wa 'alaikum,” como o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse.
Estes são alguns dos direitos entre um muçulmano e um kaafir.
Outro direito é ser um bom vizinho. Portanto, se ele for um vizinho, seja gentil com ele e não o irrite; dê-lhe caridade se for pobre, dê-lhe presentes, dê-lhe conselhos benéficos, porque estas são coisas que o atrairão para o Islam e para se tornarem muçulmanos; e porque os vizinhos possuem direitos. O Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Jibril continuou insistindo para que eu seja gentil com meu vizinho até que pensei que ele o tornaria meu herdeiro.” Sahih – muttafac alaihi. Se o vizinho for um kaafir, ele ainda tem os direitos de um vizinho; se ele é um parente e um kaafir, então ele tem dois direitos: os direitos de um vizinho e os direitos de um parente.
Um dos direitos do próximo é que você deve lhe dar caridade (não zakah) se ele for pobre, porque Allah diz (interpretação do significado): “Allah não vos coíbe de serdes blandiciosos e equânimes para com os que não vos combateram, na religião, e não vos fizeram sair de vossos lares” [al-Mumtahanah 60:8]. De acordo com o hadith sahih narrado de Asma' bint Abi Bakr (que Allah esteja satisfeito com ela), sua mãe, que era uma mushrika, entrou em contato com ela durante a trégua entre o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) e o povo de Makkah, em busca de ajuda. Asma' perguntou ao Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) – ela deveria manter laços de parentesco com a mãe? O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) respondeu: “Mantém os laços de parentesco com ela.”
Mas, no que diz respeito à celebração de seus festivais, o muçulmano não deve participar da celebração destes. Entretanto, não há nada de errado em oferecer-lhes condolências se um ente querido morrer, como dizer “Que Allah o compense por sua perda” e outras palavras gentis. Porém, não se deve dizer “Que Allah o perdoe” ou “Que Allah tenha misericórdia dele” se o falecido for um kaafir, e não se deve rezar pelo falecido se ele for um kaafir. De qualquer forma, pode-se rezar para que aquele que está vivo seja guiado e compensado e assim por diante. Fim da citação.
Shaikh 'Abd al-’Aziz ibn Baaz (que Allah tenha misericórdia dele).
Fatawa Nur 'ala al-Darb, 1/289-291.