Segunda-feira 22 Jumada Ath-Thani 1446 - 23 Dezembro 2024
Portuguese

É verdade que Ibn Hajar al’Asqallani considerou admissível celebrar o aniversário do Profeta (Mawlid)?

Pergunta

É verdade que Ibn Hajar al-‘Asqallani realmente considerou admissível celebrar o aniversário do Profeta? Porque muitos dos shaikhs aqui na Argélia citam a opinião dele, de ser permitido apoiar a ideia de que se pode celebrar o Mawlid.

Texto da resposta

Todos os louvores são para Allah.

Em primeiro lugar:

Celebrar o aniversário do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) (Mawlid) é uma inovação que foi introduzida na religião. Os primeiros a fazerem-no foram os califas Fatímidas ‘Ubaidis, que foram um grupo desviado que estava fora do Islam. Não foi narrado de nenhum dos primeiros Muçulmanos, as três primeiras e melhores gerações, que tivessem considerado encorajado ou admissível celebrar o Mawlid.

Por favor, consulte as respostas para as perguntas nº 128530.

Em segundo lugar:

As fontes básicas para os pareceres islâmicos são o Alcorão e a Sunnah, e os sábios que são herdeiros dos Profetas; eles carregam a bandeira do conhecimento. Allah, Exaltado seja, permitiu que os sábios entendessem a religião, cada um de acordo com aquilo que Allah lhes facilitou, mas isso não quer dizer necessariamente que tudo que eles digam seja verdade. Em vez disso, o sábio tenta seu melhor para ser eficaz; caso acerte, ele ganhará duas recompensas, uma por seu empenho na resolução e outra por ter acertado, e se ele erra, terá a recompensa pelo seu empenho na resolução e seu erro é perdoado.

O shaikh Ibn Baaz (que Allah tenha misericórdia dele) disse:

Este é o princípio islâmico com relação aos sábios mujtahid: quem quer que se empenhe ao máximo para buscar a verdade e estude as evidências terá duas recompensas caso acerte, e uma, caso erre, a qual é uma recompensa por seu esforço em tentar resolver.

Fim de citação de Majmu’ Fataawa Ibn Baaz (6/89)

Em terceiro lugar:

As-Suyuti (que Allah tenha misericórdia dele) disse:

Perguntaram ao Shaikh al-Islam Haafiz al-‘Asr Abu’l Fadl Ibn Hajar sobre celebrar o Mawlid, e sua resposta foi a seguinte:

A base para a comemoração do Mawlid é inovação. Não foi narrado de nenhum dos predecessores virtuosos das primeiras três gerações. Apesar disso, inclui coisas boas e ruins. Quem quer que procure nela as coisas boas e evite as ruins, é uma boa inovação, do contrário não é.

E ele disse:

Parece-me que isso baseia-se em uma analogia confiável, que é a compará-la ao dia de ‘Ashura’, que é mencionado no relato comprovado pelo as-Sahihayn, que quando o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) foi à Madina, encontrou Judeus jejuando naquele dia. Ele perguntou-lhes sobre isso e disseram-lhe: é o dia em que Allah afogou a Faraó e salvou Mussa (Moisés), assim, jejuamos em agradecimento a Allah, Exaltado seja.

O que aprendemos disso é mostrar gratidão a Allah por um favor que Ele concedeu num dia específico, concedendo uma bênção ou protegendo de um mal e que isso deve ser feito num mesmo dia, todos os anos.

Gratidão a Allah deve ser mostrada fazendo diferentes tipos de atos de adoração, tais como prostração, jejum, dar caridade, e ler o Alcorão. Que bênção pode ser maior do que o nascimento deste Profeta, o Profeta da Misericórdia, naquele dia?

Baseado nisso, o indivíduo deve procurar o exato dia, de modo a estar de acordo com a história de Mussa no dia de ‘Ashura. Quem não presta atenção nisso, não se importará em qual dia do mês comemora o Mawlid. Na verdade, algumas pessoas chegaram a ponto de mudá-lo para um outro dia do ano, e isso pode estar sujeito a críticas.

Isso tem a ver com observar a celebração inicialmente.

No que diz respeito ao que é feito durante essa celebração, deve ser limitado ao que pode ser entendido como uma expressão de gratidão a Allah, Exaltado seja, à semelhança do que está supramencionado, de leitura do Alcorão, oferecimento de comida para pessoas, dar caridade e recitar nashids que louvam o Profeta, encorajar as pessoas a perderem interesse em ganhos mundanos e motivá-las a fazer o bem e a lutar pela Outra vida.

No que tange a outras coisas, tais como ouvir poesias para entretenimento e afins, deve ser dito: o que for permitido e inculque felicidade àquele dia, não há nada de errado que seja acrescentado à celebração; quanto ao que é haraam ou makruh, deve ser impedido, e o mesmo se aplica a qualquer coisa que não seja apropriada.

Fim de citação de al Haawi li’l-Fataawi (1/229).

Deve ser dito:

Quando examinamos o que foi narrado de al-Haafiz Ibn Hajar (que Allah tenha misericórdia dele), devemos notar o seguinte:

1. Ele claramente afirmou que celebrar o Mawlid não era a prática das gerações virtuosas predecessoras, portanto é uma inovação. Não devemos ignorar esta declaração feita nesta fatwa.

2. Ele disse: Com relação ao que é feito durante a celebração, deve se limitar àquilo que pode ser entendido como uma expressão de gratidão a Allah, Exaltado seja, em semelhança ao que foi supramencionado, de ler o Alcorão, oferecer comida às pessoas, dar caridade, e recitar nashids que homenageiam o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele), encorajar as pessoas a perder o interesse em ganhos mundanos, e motivá-los a fazer o bem e a lutar pela Outra vida.

No entanto, o que as pessoas fazem hoje em dia na celebração do aniversário do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) e outras celebrações inovadas é contrário às linhas gerais dadas por al-Haafiz nesta fatwa. Quem quer que olhe para o que a maioria das pessoas fazem hoje em dia, perceberá que a maioria do que é feito nesses Mawlids é parecido com inovações e ações repreensíveis; na verdade, podem até envolver pecados vexamosos e outras infrações, em proporções que só Allah sabe!

Al-Bukhari (869) e Muslim (445) narraram que ‘Aisha (que Allah esteja satisfeito com ela) disse: Se o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) tivesse visto o que as mulheres inovaram, ele as teria proibido de ir à Mesquita tal como as mulheres dos Filhos de Israel foram proibidas (de ir aos seus locais de adoração).

Se isso é o que a Mãe dos Crentes disse com relação a algo que é prescrito no Islam, sem nenhuma diferença de opinião acadêmica a respeito, e como as pessoas mudaram em relação a isso, de modo que ela tenha dito o que disse – então, o que dizer se o assunto é, em primeiro lugar, uma inovação, que depois se desenvolveu e veio a incluir inovações e ações repreensíveis, como é óbvio para todo mundo?

Que o sensato reflita aqui nas palavras do Imam ash-Shaatibi (que Allah tenha misericórdia dele):

Se o responsável fosse procurar concessões com relação a todo assunto que lhe diz respeito, examinando as opiniões de cada madhab, de forma a encontrar uma opinião que estivesse de acordo com o que ele gosta e prefere, ele, então, derivar-se-ia do caminho da virtuosidade e seria levado a seguir seus caprichos e desejos; contraditaria ao que o legislador confirmou e não enfatizaria o que ele enfatizou.

Fim de citação de al- Mawaafaqaat (3/123)

E Allah sabe melhor.

A Fonte: Islam Q&A