Todos os louvores são para Allah.
Se uma pessoa se arrepende de um pecado enquanto persiste em outro pecado, então aquele do qual ela se arrependeu será perdoado, de acordo com a visão acadêmica mais correta, porém o pecado do qual ela não se arrependeu permanecerá como é e não será incluído naquele ato de arrependimento, de acordo com o consenso acadêmico.
Observe a resposta para a pergunta: O arrependimento de um pecado é válido quando alguém persiste em outro pecado?
Se um incrédulo ou apóstata se torna muçulmano enquanto persiste em algum pecado do qual não se arrependeu, tornar-se muçulmano é válido de acordo com o consenso acadêmico. Mas, ele será perdoado pelo pecado do qual não se arrependeu, como resultado de se tornar muçulmano? A respeito disso, existem duas visões acadêmicas.
Shaikh al-Islam Ibn Taimiyah (que Allah tenha misericórdia dele) resumiu essa diferença de opinião quando disse:
(…) O segundo princípio é: quem cometeu alguns pecados e se arrependeu de alguns deles, mas não de outros, seu arrependimento só levará ao perdão daqueles pelos quais se arrependeu. Quanto àquilo de que ele não se arrependeu, permanecerá sujeito ao julgamento correspondente àquilo, não ao julgamento referente ao que houve arrependimento.
Não conheço nenhuma controvérsia a respeito disso, exceto em relação a um incrédulo se tornar muçulmano. Nesse caso, o fato de se tornar muçulmano implica que ele se arrependeu da incredulidade, então, em virtude de se tornar muçulmano, ele é perdoado pelo kufr (incredulidade) do qual se arrependeu. Mas, ele será perdoado pelos pecados que cometeu enquanto era um incrédulo e dos quais não se arrependeu como muçulmano?
Em relação a este assunto, existem duas visões conhecidas:
A primeira visão é que o indivíduo será perdoado por todos os seus pecados, por causa do significado geral das palavras do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele): “O Islam apaga o que veio anteriormente” narrado por Muslim. E Allah, exaltado seja, diz (interpretação do significado): “Dize aos que renegam a Fé que se se abstêm da descrença, ser-lhes-á perdoado o que já se consumou...” [al-Anfaal 8:38].
A segunda opinião é que ele não merece ser perdoado pelos pecados que cometeu depois que se tornou muçulmano, exceto aqueles pelos quais se arrependeu. Portanto, se ele se tornou muçulmano, mas persistiu em alguns pecados maiores que são menos graves do que o kufr (incredulidade), então, a esse respeito, a regra é a mesma que a de outros que cometem pecados maiores.
Esta visão é o que é apoiado pelos princípios islâmicos gerais e evidências textuais. No as-Sahihein é narrado que Hakim ibn Hizaam disse ao Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele): Ó Mensageiro de Allah, seremos levados a prestar contas do que fizemos durante a Jahiliyah (tempos de ignorância)? Ele respondeu: “Quem, dentre vós, faz o bem no Islam não será levado a prestar contas pelo que fez durante a Jahiliyah, mas quem cometer o mal depois de se tornar muçulmano será levado a prestar contas pelo que fez antes e depois [de se tornar muçulmano]. ”
Este texto indica que a responsabilidade pelas ações só será dispensada pelo que foi feito durante a Jahiliyah no caso de quem faz o bem, não no caso de quem não o faz. Se uma pessoa não pratica o bem, ela será levada a prestar contas pelo que fez antes e depois [de se tornar muçulmano], e quem não se arrepender de um pecado específico não praticou o bem.
Fim da citação de al-Fataawa al-Kubra (5/278).
Essas duas visões concordam que o fato de a pessoa se tornar muçulmana é válido e apaga a incredulidade; a diferença de opinião tem a ver com o perdão dos pecados, dos quais ela não se arrependeu, em virtude de se tornar muçulmana.
Ele (que Allah tenha misericórdia dele) foi questionado sobre um judeu ou cristão que se tornou muçulmano: algum pecado permanece sobre ele depois que se converte muçulmano?
Ele respondeu: Se ele se tornar muçulmano tanto interna quanto externamente, será perdoado pela incredulidade da qual se arrependeu ao se tornar muçulmano, e não há diferença de opinião sobre isso. Quanto aos pecados dos quais ele não se arrependeu, tal como se ele persistisse em um pecado, em uma transgressão ou em alguma ação imoral, e não se arrependesse daquilo quando se tornou muçulmano, alguns dos sábios disseram que ele será perdoado [por seus delitos antes de se tornar muçulmano] em virtude de se tornar muçulmano.
No entanto, a visão correta é que ele só será perdoado pelo que se arrependeu [depois de se tornar muçulmano], pois está provado em as-Sahih que o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) foi questionado: Seremos responsabilizados pelo que fizemos durante a Jahiliyah? Ele respondeu: “Quem quer que faça o bem depois de se tornar muçulmano não será responsabilizado pelo que fez durante a Jahiliyah [tempo de ignorância, antes de se tornar muçulmano], mas quem continuar a praticar más ações depois de se tornar muçulmano será responsabilizado pelo que ele fez antes e depois [de se tornar muçulmano].”
Praticar o bem depois de se tornar muçulmano significa aderir ao que Allah ordena e abster-se do que Ele proíbe. Isso é o que significa arrependimento em geral. Portanto, quem quer que se torne muçulmano neste sentido, todos os seus pecados serão perdoados.
Fim da citação de Majmu’ al-Fataawa (11/701).
Se um incrédulo se torna muçulmano, mas ama o álcool e persiste em bebê-lo, tornar-se muçulmano é válido de acordo com o consenso acadêmico, mas ele será perdoado por beber álcool [antes de se tornar muçulmano] em virtude de se reverter muçulmano? Este é o assunto sobre o qual há uma diferença de opinião acadêmica.
E Allah sabe melhor.