Todos os louvores são para Allah.
Os muçulmanos não têm necessidade de imitar outras nações
Os muçulmanos não têm necessidade de imitar nenhuma das outras nações em questões de rituais religiosos e atos de adoração, pois Allah aperfeiçoou a Sua Religião e completou o Seu Favor, escolhendo para nós o Islam como a nossa religião, como Ele diz (interpretação do significado):
“Hoje, eu inteirei vossa religião, para vós, e completei Minha graça para convosco…” [Al-Maida 5:3]
O Islam proíbe os muçulmanos de imitarem os incrédulos, especialmente os judeus e os cristãos, mas esta proibição não se aplica a todos os seus assuntos, e sim a assuntos da sua religião e coisas que lhes são exclusivas, pelas quais são conhecidos.
Foi narrado por Abu Sa’id al-Khudri (que Allah esteja satisfeito com ele) que o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Tu certamente seguirás os caminhos daqueles que vieram antes de ti palmo a palmo, côvado a côvado, a tal ponto que, se eles entrarem na toca de um lagarto, tu também entrarás”. Dissemos: “Ó Mensageiro de Allah, (tu queres dizer) os judeus e os cristãos?” Ele respondeu: “Quem mais?” (Narrado por al-Bukhari, 1397; Muslim, 4822)
Este hadith indica que é haram imitar os judeus e os cristãos, e que aqueles que os seguem e trilham o mesmo caminho que eles são criticados. O Islam reforçou esta proibição, descrevendo aqueles que imitam os incrédulos como sendo parte deles.
Foi narrado que ‘Abdullah ibn ‘Umar disse: O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Quem imita um povo faz parte deste.” (Narrado por Abu Dawud, 3512; classificado como sahih por al-Albani em Irwa al-Ghalil, 2691)
Shaikh al-Islam Ibn Taimiyah (que Allah tenha misericórdia dele) disse:
“Isso, no mínimo, indica que é haram imitá-los, embora o significado aparente seja que quem os imita é um incrédulo.” (Iqtida al-Sirat al-Mustaqim, 237)
Aquele que imita os incrédulos se sente inferior e derrotado, por isso apressa-se a compensar os seus sentimentos de inadequação imitando aqueles que admira. Se essas pessoas refletissem sobre a grandeza da Shari’ah Islâmica e entendessem o quão corrupta é a civilização que perseguem, perceberiam que estão agindo errado e que abandonaram algo que é perfeito e verdadeiro por algo que é imperfeito e corrupto.
Os tipos proibidos de imitação aos incrédulos
Os tipos de imitação que nos são proibidos são muitos.
Shaikh Salih al-Fawzan disse:
“As coisas nas quais os incrédulos são imitados incluem atos de adoração, imitação em questões de shirk, construção (de estruturas) sobre sepulturas, construção de santuários e exagero sobre eles. O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Que a maldição de Allah esteja sobre os judeus e os cristãos, pois eles tomaram os túmulos de seus profetas como locais de adoração.” (Al-Bukhari, 425; Muslim, 531) E ele nos disse que se um homem justo entre eles morresse, eles construiriam um local de adoração sobre seu túmulo e instalariam imagens neste, e, também, que eles eram os mais perversos da humanidade. (Al -Bukhari, 417; Muslim, 528) Hoje em dia há casos de shirk maior por causa do exagero em relação aos túmulos, como é bem conhecido tanto pelos estudiosos como pelas pessoas comuns. A causa disso é a imitação aos judeus e cristãos.
Outro exemplo é a imitação dos festivais de shirk e bid’ah, como as celebrações de aniversário, seja o aniversário do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) ou os aniversários de presidentes e reis. Estes festivais de bid’ah e shirk podem receber títulos de dias ou semanas, como o dia nacional de um país ou o dia da independência, ou o dia das mães, ou a semana da higiene, e outros dias ou semanas que são celebrados. Tudo isso veio dos incrédulos para os muçulmanos, pois o Islam tem apenas dois festivais: ‘Eid al-Fitr e ‘Eid al-Adha. Qualquer outra coisa é bid’ah e uma imitação aos incrédulos.” (Trecho extraído da khutbah intitulada al-Hathth ‘ala Mukhalafat al-Kuffar, Exortação para se distinguir dos incrédulos)
Na resposta à pergunta n° 47060, afirmamos que é proibido imitar os incrédulos nas roupas e nos costumes que lhes são exclusivos, como imitá-los raspando a barba.
Diretrizes sobre como imitar os incrédulos
A proibição de imitar os incrédulos aplica-se aos seus atos de adoração e aos costumes que lhes são exclusivos e através dos quais se distinguem, e não às coisas que fazem e inventam das quais podemos nos beneficiar. Não há pecado sobre os muçulmanos se participarem disso; pelo contrário, os muçulmanos devem estar na vanguarda de tais coisas.
Shaikh Ibn ‘Uthaimin disse:
“No que diz respeito à frase “imitação aos incrédulos”, isso não significa que não devamos usar nada que eles tenham fabricado. Ninguém diz tal coisa. Na época do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) e depois, as pessoas costumavam usar roupas e vasilhas feitas por eles.
Imitação aos incrédulos significa imitar suas roupas e aparência, e os costumes que são exclusivos deles. Isso não significa que não devamos andar no que eles andam ou usar o que eles vestem. Mas, se eles andam de uma maneira específica que é única para eles, então não deveríamos andar dessa maneira. Se eles adaptam suas roupas de uma maneira que lhes é exclusiva, não deveríamos fazer o mesmo. Entretanto, se tivermos carros semelhantes aos deles e tecidos semelhantes aos deles, não há nada de errado nisso.” (Majmu’ Fatawa al-Shaikh Ibn ‘Uthaimin, 12, pergunta 177)
E ele disse:
“A definição de imitação é quando o imitador faz algo que é exclusivo daqueles a quem está imitando. A imitação dos incrédulos refere-se a quando um muçulmano faz algo que é uma de suas características exclusivas. No que diz respeito àquilo que se tornou difundido entre os muçulmanos e já não é algo pelo qual os incrédulos são distinguidos, então isto não é uma imitação dos incrédulos, e não é haram em razão de ser uma imitação, a menos que seja haram por alguma outra razão. O que dissemos é o que é indicado pelo significado da palavra tashabbuh (imitação).” (Majmu’ Fatawa al-Shaikh Ibn ‘Uthaimin, 12, pergunta 198)
Coisas benéficas e coisas prejudiciais na civilização não-muçulmana
Existem coisas benéficas e prejudiciais na civilização não-muçulmana. Não devemos ignorar as coisas boas, nem aceitar as coisas prejudiciais. Esta atitude foi resumida pelo Shaikh al-Shanqiti (que Allah tenha misericórdia dele) que disse:
“A nossa atitude em relação à civilização ocidental pode ser uma de quatro, e não existe uma quinta:
- Ignorar esta civilização, pontos positivos e negativos.
- Adotá-la no todo, pontos positivos e negativos.
- Adotar as coisas ruins e não as boas.
- Adotar as coisas boas e não as ruins.
As três primeiras estão, sem dúvida, erradas e apenas uma delas é, sem dúvida, boa, que é a última.” (Adwa al-Bayan, 4/382)
Interpretação de “o que os muçulmanos pensam que é bom, é bom perante Allah”
No que diz respeito às palavras de ‘Abd-Allah ibn Mas’ud (que Allah esteja satisfeito com ele), “O que os muçulmanos pensam que é bom, é bom perante Allah”, isto não se refere a coisas que vão contra a Shari’ah, mas que podem ser consideradas boas com base no pensamento racional. Imam al-Shafi’i (que Allah tenha misericórdia dele) disse: “Quem pensa que algo é bom, emite uma regra.” Isto não se refere a quando uma pessoa pensa que algo é bom, mas a maioria das pessoas não. Ao contrário, esta frase pode ser interpretada de duas maneiras, ambas corretas:
- Que o que se entende são tradições e costumes que não vão contra a Shari’ah.
- O que se quer dizer é a prova do consenso acadêmico, pois os muçulmanos concordam unanimemente que pensar que uma coisa é boa em consenso, isso serve de evidência. Portanto, esta coisa também deve ser boa diante de Allah. Isso é o que é indicado pelas palavras: “O que os muçulmanos pensam é bom”. (Ver al-Mabsut de al-Sarkhasi, 12/138, al-Farusiyyah de Ibn al-Qayyim, pág. 298)
Estas interpretações mencionadas acima são aplicáveis se considerarmos as palavras de Ibn Mas’ud (que Allah esteja satisfeito com ele) como aplicáveis a todos os muçulmanos em geral. Mas, pelo contexto, parece que está se referindo apenas aos Companheiros do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele), e não a outros. O que Ibn Mas’ud disse foi: “Allah olhou dentro dos corações de Seus servos e descobriu que o coração de Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) era o melhor de todos os corações dentre Seus servos. Então, Ele o escolheu para Si mesmo e o enviou com Sua Mensagem. Em seguida, Ele olhou para os corações de todos os Seus servos segundo o coração de Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) e descobriu que os corações de seus Companheiros eram os melhores de todos os corações dentre Seus servos, então Ele os tornou ajudantes de Seu Profeta, lutando pela causa de Sua religião. Portanto, o que os muçulmanos pensam que é bom, é bom perante Allah e tudo o que os muçulmanos pensam que é mau, é mau perante Allah.” (Narrado por Ahmad, 3418; classificado como sahih por Shaikh al-Alaani em Takhrij al-Tahawiyyah, 530)
Seja qual for o caso, não é correto citar as palavras de Ibn Mas’ud (que Allah esteja satisfeito com ele) como evidência para considerar como bom aquilo que é proibido no Islam, como imitar o mushrikin.
Para mais informações, consulte estas respostas: 1130 e 69789.
E Allah sabe mais.