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É permitido insultar alguém, mas em meu próprio coração e secretamente, de tal forma que ninguém saiba que eu insultei fulano de tal, como se eu dissesse a mim mesmo: “Ó fulano, ó…, por que você fez isso e aquilo comigo?” Eu estou pecando se eu fizer isso?
Todos os louvores são para Allah.
Insultar e impugnar podem ser justificáveis ou injustificáveis.
Em primeiro lugar:
Se for justificável, por exemplo: se um muçulmano for claramente ofendido, ou for inegavelmente prejudicado, então não há nada de errado em afastar o mal e a inimizade de si mesmo através de injúria e impugnação, sendo isso feito secreta ou abertamente, sem transgredir ou ultrapassar o alvo, embora seja melhor não fazê-lo.
Allah, exaltado seja, diz (interpretação do significado):
“Allah não ama a declaração de maledicência, exceto a de quem sofre injustiça. E Allah é Oniouvinte, Onisciente.” [4:148].
As-Sa'di (que Allah tenha misericórdia dele) disse:
Aqui, Allah nos diz que não gosta que o mal seja pronunciado em público, ou seja, Ele odeia, desaprova e pune por isso. Isso inclui todas as palavras de baixo calão que podem magoar e entristecer as pessoas, como injúria, calúnia, impugnação e assim por diante. Tudo isso vem sob o título de coisas proibidas que Allah detesta.
O que está implícito é que Allah ama bons tipos de discurso, como dhikr (Sua lembrança) e palavras gentis e suaves.
“exceto a de quem sofre injustiça” significa que é permitido a esta pessoa suplicar contra aquele que a ofendeu e reclamar dele. O injustiçado pode falar abertamente contra aquele que proferiu o mal contra ele publicamente, sem contar mentiras e sem ir mais longe do que o outro fez. E não se deve ultrapassar o alvo e insultar ninguém, a não ser aquele que o injustiçou. No entanto, apesar disso, perdoá-lo e não responder na mesma moeda é preferível, como Allah diz: “E quem a indulta e se emenda, seu prêmio impenderá a Allah.” [42:40] Fim da citação. Taysir al-Karim ar-Rahmaan.
Allah, exaltado seja, diz (interpretação do significado):
“E, em verdade, os que se defendem, após haverem sofrido injustiça, a esses não caberá repreensão, apenas, cabe a repreensão aos que praticam injustiça contra os homens e cometem, sem razão, transgressão na terra. Esses terão doloroso castigo.” [42:41-42].
Foi narrado por Abu Hurairah (que Allah esteja satisfeito com ele) que o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse:
“Quando duas pessoas se insultam, o pecado do que dizem recai sobre aquele que iniciou isso, desde que aquele que foi injustiçado não ultrapasse o alvo.” [Muslim]
A melhor súplica que aquele que é injustiçado pode oferecer a respeito do transgressor é a que foi narrada pelo Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) através de Jaabir (que Allah esteja satisfeito com ele), que disse: O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) costumava dizer: “Ó Allah, corrigi minha audição e minha visão e permiti-me retê-las até que eu morra. Leva-me à vitória sobre aqueles que me fizeram injustiça e permiti-me ver a vingança.” [al-Bukhari em al-Adab al-Mufrad]
Al-Khatib ash-Sharbini (que Allah tenha misericórdia dele) disse:
Se uma pessoa injuriar outra, é permitido àquela que foi injuriada replicar a injúria no mesmo nível de quem a injuriou, porque Allah, exaltado seja, diz (interpretação do significado): “E a recompensa de má ação é má ação igual a ela” [42:40]. Não é permitido que a pessoa insulte seu pai ou sua mãe. Foi narrado que quando Zainab insultou Aisha, o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse a ela – conforme narrado em Sunan Ibn Maajah e classificado como sahih (autêntico) por al-Albaani: "Tu deves dizer algo para defender-te." [Aisha disse:] “Então me virei contra ela, até que vi que sua boca tinha secado, e ela não respondeu nada para mim. E eu vi o Profeta com seu rosto brilhando.” Ao contrário, tudo o que é permitido é injúria que não envolva mentira ou calúnia, como, por exemplo, dizer, “Ó malfeitor” ou “Ó tolo”, porque dificilmente alguém está livre dessas descrições. Uma vez que uma pessoa se levantou para se defender insultando aquele que a insultou, então a questão está resolvida e a primeira pessoa estará livre, porém, esta primeira pessoa possui o pecado de iniciar a troca de agressões e o pecado de transgredir os limites estabelecidos por Allah. Fim da citação. Mughni al-Muhtaaj.
Mas é muito melhor e mais próximo à perfeição perdoar, desculpar e ignorar, na esperança de que Allah nos perdoe no Dia da Ressurreição, pois a recompensa se ajustará à natureza do ato.
Allah, glorificado e exaltado seja, diz (interpretação do significado):
“E a recompensa de má ação é má ação igual a ela. E quem a indulta e se emenda, seu prêmio impenderá a Allah. Por certo, Ele não ama os injustos.” [42:40].
E o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: "Ó 'Uqbah ibn 'Aamir, mantém os laços com aqueles que te cortaram, dá àqueles que negaram a ti e perdoa aqueles que erraram contigo." [Ahmad]
Foi narrado que Aisha (que Allah esteja satisfeito com ela) disse que um cobertor dela foi roubado, e ela começou a rezar contra aquele que o roubou. O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: "Não reduzas teu fardo de pecado fazendo du'aa (suplicando) contra ele." [Abu Dawud]
Também há relatos dos Taabi'in (sucessores) que apontam para a superioridade em perdoar e superar neste mundo.
Al-Haitham ibn Mu'aawiyah disse:
Quem é injustiçado e não retalia em palavra ou ação, e não guarda ressentimento no coração, essa será a sua luz entre as pessoas. Fim da citação. [al-Baihawi em Shu'ab al-Imaan]
Em segundo lugar:
Se a injúria e a impugnação forem feitas ilegalmente, ou seja, como resultado de ressentimento ou ódio pessoal baseado em inveja maliciosa (hasad), ou porque alguém não gosta da aparência, linhagem, conduta de uma pessoa ou qualquer outra coisa que resulte em insultos e injúrias mútuas, isso é algo que é claramente proibido e vem sob o título de “lapsos da língua que consomem (isto é, eliminam) as boas ações e incorrem em punição pelas más ações”, sejam feitas secreta ou publicamente.
Foi narrado por 'Abdullah ibn Mas'ud (que Allah esteja satisfeito com ele) que o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Insultar um muçulmano é uma ação maligna e lutar contra ele é kufr (incredulidade).” [al-Bukhari, Muslim].
Também foi narrado por ele (que Allah esteja satisfeito com ele) que o Profeta disse: “O crente não é dado a insultar, praguejar muito, falar obscenidades ou palavras de baixo calão.” [at-Tirmidhi].
Al-Mubaarakfuri (que Allah tenha misericórdia dele) disse:
“O crente” significa: o crente perfeito.
“Não é dado a insultar”, ou seja, criticar as pessoas.
"Praguejar muito", ou seja, xingar excessivamente. Porque o crente perfeito dificilmente estará isento de algumas deficiências.
"Falar obscenidades", ou seja, ele não comete ações obscenas ou profere discurso obsceno.
“Ou palavras de baixo calão” disse al-Qaari: isto se refere àquele que não tem vergonha. Fim da citação. Tuhfat al-Ahwadhi.
Em terceiro lugar:
Se a injúria ou impugnação ocorre no coração ou na mente de alguém, como um pensamento que cruza a mente sem que se diga ou pronuncie em voz alta – ao contrário, é um pensamento passageiro ou sussurros que podem vir à mente sobre injuriar fulano de tal, mas a pessoa não dá atenção àquilo ou decide não levar adiante – então, isso vem sob o título de “pensamentos passageiros que são perdoados”, inshallah, porque o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Allah perdoou minha ummah (nação islâmica) pelo que passa por suas mentes, contanto que não ajam ou falem sobre aquilo.” [al-Bukhari e Muslim]
Mas existe o temor de que, se esses pensamentos se tornarem persistentes e se estabelecerem no coração, possam vir a ser considerados atos do coração pelos quais uma pessoa será responsabilizada.
Al-Qaasimi (que Allah tenha misericórdia dele) disse:
Quanto aos efeitos da raiva no coração, como ressentimento, inveja maliciosa, desejar o mal, regozijar-se com os infortúnios alheios, aversão pela felicidade dos outros, espalhar segredos e transgredir a privacidade das pessoas, zombar delas e outras más ações, esses são os frutos da raiva excessiva [extraído de Tahdhib Maw'izat al-Mu’minin].
Al-Ghazaali (que Allah tenha misericórdia dele) disse:
Deve-se notar que pensar coisas ruins é haram (ilícito), assim como dizer coisas ruins. Tanto quanto é haram dizer coisas ruins sobre outra pessoa, você não tem o direito de pensar coisas ruins sobre seu irmão e pensar negativamente sobre ele. O que quero dizer se refere a quando alguém forma uma ideia sólida e decide que outra pessoa é má e ruim. Quanto aos pensamentos passageiros, eles estão perdoados. Pensar aqui se refere àquilo em que a pessoa se concentra e se inclina. Fim da citação. Ihya ‘Ulum ad-Din e al-Adhkaar por an-Nawawi.
E Allah sabe melhor.