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Como o Islam combate a pobreza?
A- A pobreza é uma das calamidades que Allah decretou que deveriam existir, seja para uma pessoa específica, uma família ou uma sociedade. A pobreza tem efeitos negativos nas crenças e conduta das pessoas. B- O Islam combateu a pobreza: 1- ensinando às pessoas que a provisão vem de Allah e que Ele é o Provedor, 2- buscando refúgio em Allah da pobreza, 3- encorajando a trabalhar e ganhar a vida, 4- tornando o zakat obrigatório para os ricos, 5- encorajando a doar caridade, estabelecendo waqfs e patrocinando órfãos e viúvas, 6- com aproibição de riba, jogos de azar e fraude na venda, 7- e encorajando a ajudar os necessitados e apoiar os fracos.
Todos os louvores são para Allah.
A pobreza é uma das calamidades que Allah decretou que deveria existir, seja para uma pessoa específica, uma família ou uma sociedade. A pobreza tem efeitos negativos nas crenças e conduta das pessoas. Muitos missionários cristãos exploram a pobreza e a carência de alguns povos para espalhar o cristianismo entre suas fileiras. Da mesma forma, o comportamento imoral se espalha, em grande parte, por causa da pobreza, como um meio de atender às necessidades das pessoas, então roubo, assassinato, zina (fornicação) e venda de coisas haram se disseminam.
Sem dúvida, essas coisas têm um efeito negativo sobre os indivíduos e as sociedades. Allah nos diz que alguns dos mushrikin (politeístas) costumavam matar seus filhos, as meninas dos seus olhos, seja por causa da pobreza em que viviam ou por medo da pobreza que poderia recair sobre eles. Allah diz sobre o primeiro caso (interpretação do significado):
“…E não mateis vossos filhos, com receio da indigência: Nós vos damos sustento, e a eles…” [Al-An’am 6:151]
E Ele diz sobre o segundo caso (interpretação do significado):
“E não mateis vossos filhos, com receio da indigência: Nós lhes damos sustento, e a vós. Por certo, seu morticínio é grande erro.” [Al-Isra’ 17:31]
Em al-Sahihein, é narrada a história de uma mulher dos Filhos de Israel que, quando precisava de dinheiro e se sentia pressionada, não conseguia achar ninguém além de seu primo paterno que faria o que quisesse com ela em troca de pagamento. Então, Allah a salvou disso depois que ela o lembrou de Allah e disse para o primo temê-Lo.
Seja qual for o caso, é bem sabido que a pobreza leva a crimes e corrupção. Muitas nações sofrem com isso e estão buscando soluções para esse problema, mas sem sucesso, e não há solução exceto no Islam, que trouxe regras para todas as pessoas até que a Hora inicie.
Os meios que foram prescritos pelo Islam para resolver o problema da pobreza e combatê-la são os seguintes:
Allah diz (interpretação do significado):
“Por certo, Allah é O Sustentador, O Possuidor da força, O Fortíssimo.” [Al-Dhariyat 51:58]
“E não há ser animal algum na terra, sem que seu sustento impenda a Allah, e Ele conhece sua residência e seu depósito. Tudo está no evidente Livro (Al-Lawh Al-Mahfuz — o Livro dos Decretos com Allah).” [Hud 11:6]
“Ou quem é este que vos dará sustento, se Ele retém Seu sustento? Mas eles persistem em desobediência e em repulsa à Verdade.” [Al-Mulk 67:21]
“E, com efeito, honramos os filhos de Adão e levamo-los por terra e mar e demo-lhes por sustento das cousas benignas, e preferimo-los, nitidamente, a muitos dos que criamos.” [Al-Isra’ 17:70]
É por causa dessas crenças que um homem deve suportar com paciência tudo o que lhe acontece em relação à calamidade da pobreza, voltar-se para Allah unicamente, em busca de provisão, aceitar o decreto de Allah, e se esforçar para ganhar a vida.
Suhaib Ar-Rumi (que Allah esteja satisfeito com ele) disse: O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Quão maravilhosa é a situação do crente, pois todos os seus assuntos são bons. Se algo bom acontece com ele, ele agradece por isso e isso é bom para ele; se algo ruim acontece com ele, ele suporta com paciência, e isso é bom para ele.” (Narrado por Muslim, 2999)
Podemos entender o efeito dessa crença nos muçulmanos observando o que acontece com os outros. No Japão – por exemplo – em 2003, trinta e três mil pessoas cometeram suicídio! E uma das principais razões para isso foi o desemprego. Em um artigo no site da BBC em 1/9/2004, eles disseram:
“Estatísticas oficiais mostram que trinta e três mil pessoas se mataram no ano passado no Japão. Autoridades japonesas dizem que uma das razões para esse aumento na taxa de suicídio é a recessão econômica que o Japão está enfrentando, que é considerada a pior em cinquenta anos. Isso levou a um aumento sem precedentes no desemprego, bem como a um aumento nos casos de depressão, especialmente entre homens de meia-idade.”
Allah diz (interpretação do significado):
“Por certo, teu Senhor prodigaliza o sustento, para quem quer, e restringe-o. Por certo, Ele, de Seus servos, é Conhecedor, Onividente.” [Al-Isra’ 17:30]
Ibn Kathir (que Allah tenha misericórdia dele) disse:
“As palavras de Allah “Por certo, teu Senhor prodigaliza o sustento, para quem quer, e restringe-o (para quem Ele deseja)” nos dizem que Ele, exaltado seja, é o Provedor, o Retentor e o Doador, que lida com Sua criação como Ele deseja. Ele concede independência de meios a quem Ele deseja e empobrece quem Ele deseja, com sabedoria nisso. Por isso Ele diz: “Por certo, Ele, de Seus servos, é Conhecedor, Onividente”, ou seja, Ele sabe e vê quem merece ser rico e quem merece ser pobre.
Em alguns casos, a riqueza pode ser um meio de deixar as pessoas se deixarem levar pelo pecado e a pobreza pode ser uma punição. Buscamos refúgio em Allah de ambos.” Tafsir Ibn Kathir (5/71).
A Sunnah nos relata o que o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) costumava fazer e o que ensinou sua ummah a fazer, que é buscar refúgio em Allah contra a pobreza, por causa do efeito que isso tem sobre a pessoa, sua família e sociedade.
Foi narrado que Muslim ibn Abi Bakrah disse: Meu pai costumava dizer após cada oração: Allahumma inni a’udhu bika min al-kufri wa’l-faqri wa ‘adhauab il-qabr (Ó Allah, busco refúgio em Ti da incredulidade, pobreza e tormento da sepultura), e eu costumava dizer isso também. Meu pai perguntou: Ó meu filho, de onde você tiraste isso? Eu disse: De ti. Ele falou: O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) costumava dizer isso após cada oração. (Narrado por an-Nasaa’i, 1347; classificado como sahih por al-Albani em Sahih an-Nasa’i)
‘Aishah (que Allah esteja satisfeito com ela) narrou que o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) costumava dizer em sua oração: “Allahumma inni a’udhu bika min al-ma’tham wal-maghram (Ó Allah, busco refúgio em Ti contra o pecado e a dívida pesada).” Alguém disse a ele: “Quanto tu buscas refúgio contra dívidas pesadas!” Ele disse: “Quando um homem se endivida, ele fala e conta mentiras, e ele faz uma promessa e a quebra.” (Narrado por al-Bukhari, 832 e Muslim, 589).
Allah diz (interpretação do significado):
“Ele é Quem vos fez a terra dócil; então, andai, por seus flancos e comei de Seu sustento. E a Ele será a Ressurreição.” [Al-Mulk 67:15]
“E quando a oração se encerrar, espalhai-vos pela terra e buscai algo do favor de Allah; e lembrai-vos de Allah, amiúde, na esperança de serdes bem-aventurados.” [Al-Jumu’ah 62:10]
Foi narrado de Al-Miqdam (que Allah esteja satisfeito com ele) que o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Ninguém jamais come comida melhor do que aquela que ganhou com suas próprias mãos. O Profeta de Allah, Dawud (que a paz esteja sobre ele), comeu daquilo que ganhou com suas próprias mãos.” (Narrado por al-Bukhari, 1966).
Foi narrado por al-Zubair ibn Al-’Awwam (que Allah esteja satisfeito com ele) que o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Se um de vós pegasse uma corda e trouxesse lenha nas costas e a vendesse, preservando assim sua dignidade, isso seria melhor do que pedir às pessoas que tanto podem dar ou negar.” (Narrado por al-Bukhari, 1402).
Allah concedeu aos pobres uma parte do zakat , que deve ser dada ao pobre para sua manutenção, e até que ele se torne independente de meios e não seja mais pobre.
Allah diz (interpretação do significado):
“As sadaqats, as ajudas caridosas, são, apenas, para os pobres e os necessitados e os encarregados de arrecadá-las e aqueles, cujos corações estão prestes a harmonizar-se com o Islão e os escravos, para se alforriarem, e os endividados e os combatentes no caminho de Allah e o filho do caminho, o viajante em dificuldades: é preceito de Allah. E Allah é Onisciente, Sábio.” [Al-Tawbah 9:60]
“E aqueles em cujas riquezas há, de direito, parte determinada para o mendigo e para o desprovido.” [Al-Ma’arij 70: 24,25]
Allah diz (interpretação do significado):
“Então, temei a Allah quanto puderdes. E ouvi, e obedecei, e despendei: é-vos melhor, para vós mesmos. E quem se guarda de sua própria mesquinhez, esses são os bem-aventurados.” [Al-Taghabun 64:16]
“… E o que quer que despendais, Ele vo-lo restituirá. E Ele é O melhor dos sustentadores.” [Saba’ 34:39]
“… E tudo de bom, que antecipardes a vós mesmos, o encontrareis junto de Allah, melhor e mais grandioso em prêmio…” [Al-Muzzammil 73:20]
Foi narrado que ‘Adiy ibn Hatim disse: Eu ouvi o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) dizer: “Quem dentre vós puder se proteger contra o Fogo, mesmo com meia tâmara, que o faça.” (Narrado por al-Bukhari, 1347 e Muslim, 1016)
Foi narrado que Sahl ibn Sa’d disse: O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Eu e aquele que patrocina um órfão estaremos assim no Paraíso” – e ele gesticulou com o indicador e o dedo médio, mantendo-os ligeiramente separados. (Narrado por al-Bukhari, 4998 e Muslim, 2983, narrou um relato semelhante do hadith de Abu Hurairah)
Abu Hurairah disse: O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Aquele que se esforça para ajudar as viúvas e os pobres é como quem se esforça na jihad pela causa de Allah, quem reza à noite e quem jejua durante o dia.” (Narrado por al-Bukhari, 5038 e Muslim, 2982)
Allah diz (interpretação do significado):
“Ó vós que credes! Temei a Allah e deixai o que resta da usura, se sois crentes. E, se o não fazerdes, certificai-vos de uma guerra de Allah e de Seu Mensageiro; e, se vos voltardes para Allah arrependidos, tereis vosso capital. Não estareis cometendo injustiça nem sofrendo injustiça.” [Al-Baqarah 2:278-279]
“Ó vós que credes! O vinho e o jogo de azar e as pedras levantadas com nome dos ídolos e as varinhas da sorte não são senão abominação: ações de Satã. Então, evitai-as na esperança de serdes bem-aventurados.” [Al-Ma’idah 5:90]
Abu Hurairah narrou que o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) passou por uma pilha de alimentos; ele colocou a mão nela e descobriu que estava molhada. Ele disse: “O que é isso, ó vendedor de alimentos?” O vendedor respondeu: “Choveu, ó Mensageiro de Allah.” Ele disse: “Por que tu não pões isso em cima da comida para que as pessoas possam ver? Quem engana (as pessoas) não pertence a mim (à minha ummah).” (Narrado por Muslim, 102)
Isso ocorre porque se essas coisas forem feitas e se espalharem entre as pessoas, significa que alguns estão tomando a riqueza dos outros ilegalmente, e as pessoas podem perder toda a sua riqueza por causa deste tipo de coisa. Portanto, os textos as proíbem claramente.
Foi narrado que An-Nu’man ibn Bashir disse: O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “A semelhança dos crentes em seu amor mútuo, misericórdia e compaixão é a do corpo; quando uma parte deste está com dor, o resto do corpo se junta a ela em inquietação e febre.” (Narrado por al-Bukhari, 5665, e Muslim, 2586).
Foi narrado por Ibn ‘Abbas (que Allah esteja satisfeito com ele) que o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Não é um muçulmano aquele que come até se fartar quando seu vizinho passa fome.” (Narrado por al-Baihaqi em Ash-Shu’ab, 9251 e por outros. Classificado como Hassan por Al-Albani.)
No Muwatta’ de al-Imam Malik (1742) é narrado por Yahia ibn Sa’id que ‘Umar ibn Al-Khattab (que Allah esteja satisfeito com ele) encontrou Jabir ibn ‘Abdillah que estava carregando um pouco de carne consigo. Ele perguntou: O que é isso? Ele respondeu: Ó Amir al-Mu’minin, desejamos carne, então comprei um pouco de carne por um dirham. ‘Umar disse: Alguém dentre vós gostaria de encher sua barriga sem seu vizinho ou seu primo? O quê?! Vós não prestais atenção ao versículo “Fizestes irem-se vossas boas cousas, em vossa vida terrena, e, com elas, vos deliciastes” [Al-Ahqaf 46:20]?
Esta é uma breve visão da pobreza, que aponta para alguns de seus efeitos ruins. O muçulmano sabe que pobreza e riqueza, e se as coisas são dadas ou retidas de alguém, estão todas sujeitas ao decreto de Allah. Então, o crente suporta as dificuldades com paciência quando elas vêm, e agradece a Allah, exaltado seja, pelos bons momentos quando os vive. Mas, o muçulmano é obrigado a trabalhar e procurar ganhar a vida para aliviar a si mesmo e sua família da pobreza. Porém, se alguém não consegue fazer isso por motivos de saúde ou problemas em sua terra, então o Islam o alivia da pobreza por meio do zakat e da caridade que são dados pelos ricos. Esta é a parte da riqueza deles à qual os pobres têm direito.
E Allah sabe mais.