Todos os louvores são para Allah.
Não há contradição, todos os louvores são para Allah, entre a afirmação de que não há compulsão na (aceitação da) religião e a ordem de lutar contra os politeístas. O comando para lutar contra os politeístas não tem o propósito de forçá-los a entrar no Islam, caso contrário, os judeus, cristãos e outros teriam sido forçados a entrar no Islam sempre que os muçulmanos os derrotassem e eles ficassem sob sua autoridade. Mas, é bem sabido por quem tem o mínimo conhecimento da história do Islam que isso não aconteceu, porque os judeus e cristãos continuaram a viver sob a autoridade do Estado muçulmano e gozavam de liberdade religiosa.
Em vez disso, o que significa luta é duas coisas:
1) Lutar contra aqueles que querem atacar os muçulmanos em suas próprias terras e espalhar a influência da incredulidade e de seus seguidores nas terras muçulmanas. Isso é Jihad em defesa do território muçulmano, e é algo que ocorreu em todas as nações e estados conhecidos na história, não importa qual seja sua religião, caso contrário, não haveria nenhum Estado ou autoridade, em absoluto.
2) Lutar contra aqueles que proíbem as pessoas da religião de Allah e impedem os muçulmanos a convidarem outros para a religião de seu Senhor, espalhando Sua luz para que possa ser vista por qualquer um que busque orientação, ou ainda, impedem que os não-muçulmanos aprendam sobre esta religião ou entrem nela, caso queiram. Isso é jihad contra o inimigo. Ambos os tipos de jihad são prescritos nos ensinamentos islâmicos.
Ibn al-'Arabi al-Maaliki (que Allah tenha misericórdia dele) disse: ... As palavras de Allah, exaltado seja, “matai os idólatras, onde quer que os encontreis” [at-Tawbah 9:5], são gerais no significado e se aplicam a todos os politeístas, mas a Sunnah especifica que exclui aqueles mencionados acima, a saber: mulheres, crianças, monges e pessoas comuns e insignificantes, como explicado anteriormente. O que resta são aqueles que estão em situação de guerra contra os muçulmanos ou se preparando para combatê-los e causar-lhes danos. Assim, fica claro que o significado do versículo é: matar aqueles politeístas que estão lutando contra você. Fim da citação de Ahkaam al-Qur’an (4/177).
Shaikh al-Islam Ibn Taimiyah (que Allah tenha misericórdia dele) disse: O que significam as palavras do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele): “Recebi a ordem de lutar contra o povo até que este preste testemunho de que não há deus digno de adoração, exceto Allah e que Muhammad é o Mensageiro de Allah, e estabeleça a oração e dê o zakah” é: lutar contra aqueles que estão em guerra contra os muçulmanos, a quem Allah nos deu permissão para lutar. Não significa lutar contra aqueles com quem os muçulmanos têm um tratado, a quem Allah ordenou aos muçulmanos que defendessem o tratado. Fim da citação de Majmu’ al-Fataawa (19/20).
E ele (que Allah tenha misericórdia dele) também disse: O que significa lutar é lutar contra aqueles que lutam contra nós, impedindo que espalhemos a religião de Allah; como Allah, exaltado seja, diz (interpretação do significado): “E combatei, no caminho de Allah, os que vos combatem, e não cometais agressão. Por certo, Allah não ama os agressores” [al-Baqarah 2:190]. Fim da citação de Majmu’ al-Fataawa (28/354).
Isso também é indicado pelo relato que foi comprovado por Buraidah, que disse: Quando o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) nomeava comandantes para um exército ou expedição, ele os aconselhava a temer a Allah, exaltado seja e ser bom para os muçulmanos que estavam sob seu comando. Então, ele disse: “… Quando encontrares teu inimigo entre os politeístas, ofereça-os três opções, e qualquer uma que eles escolherem, aceita-a e evita (lutar) contra eles. Convida-os para o Islam e, caso eles respondam, aceita e evita (lutar) contra eles. Em seguida, convida-os a migrar de tuas terras. (…) Se eles se recusarem, peça que paguem jizyah. Se eles responderem, então aceita e evita (lutar) com eles. Se eles recusarem, então, busca a ajuda de Allah e luta contra eles.” Narrado por Muslim (1731).
Ibn al-Qayyim (que Allah tenha misericórdia dele) disse, a respeito do que aprendemos com este hadith: ... a jizyah pode ser cobrada de qualquer incrédulo. O que este hadith parece indicar é que nenhum incrédulo foi excluído desta regra, e não se pode dizer que isso se aplica apenas ao povo do Livro, porque a formulação não deve ser interpretada no sentido de que se aplica apenas ao Povo do Livro. Além disso, as expedições e exércitos do Mensageiro de Allah estavam principalmente envolvidos na luta contra os adoradores de ídolos árabes, e não se pode dizer que o Alcorão comprova que este versículo se aplica apenas ao Povo do Livro. Allah, glorificado seja, ordenou lutar contra o Povo do Livro até que paguem a jizyah, e o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) ordenou lutar contra os politeístas até que paguem a jizyah. Assim, isto pode ser recebido do Povo do Livro de acordo com o Alcorão e de todos os incrédulos de acordo com a Sunnah. O Mensageiro de Allah recebeu (a jiziyah) dos zoroastristas que são adoradores do fogo, e não há diferença entre eles e os adoradores de ídolos.
Fim da citação de Ahkaam Ahl adh-Dhimmah (1/89).
É claro que quando os relatos indicam que um grupo foi autorizado a continuar seguindo sua religião e a jizyah foi cobrada deles, então não foi ordenado lutar contra eles ou forçá-los a entrar no Islam.
E Allah sabe melhor.