Todos os louvores são para Allah.
A crença nos atributos de Allah é obrigatória?
É obrigatório acreditar nos nomes e atributos que Allah, exaltado seja, afirmou para Si mesmo e no que Seu Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) afirmou sobre isso, sem perguntar como, comparando-O à Sua criação, distorcendo o significado ou negando qualquer um.
Isso inclui acreditar que Ele é o Oniouvinte, Onividente, Onisciente, Sapientíssimo; e que Seus atributos incluem ouvir, ver, conhecer, saber, elevar-se acima do Trono, vir, regozijar-se, sorrir, ficar com raiva e ficar satisfeito; e que Ele tem um Semblante e duas Mãos, como Ele disse sobre Si mesmo e como Seu infalível Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse a respeito d’Ele; dentre outros nomes e atributos divinos.
Acreditar nisso faz parte da crença em Allah, exaltado seja, e esta é a base da fé e o pilar mais importante desta.
Shaikh al-Islam Ibn Taimiyah (que Allah tenha misericórdia dele) disse:
“Parte da crença em Allah é acreditar no que Ele atribuiu a Si mesmo em Seu Nobre Livro, e no que Seu Mensageiro Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) atribuiu a Ele, sem qualquer distorção, negação, perguntas sobre como são esses atributos ou comparação d’Ele à Sua criação.
Em vez disso, eles acreditam que não há nada semelhante a Allah e que Ele é o Oniouvinte, o Onividente.
Eles não negam o que Ele atribuiu a Si mesmo, não interpretam mal o significado de Suas palavras, não distorcem o significado dos nomes e atributos de Allah, e não perguntam como são Seus atributos ou os comparam aos atributos de Sua criação, porque Ele, glorificado seja, não possui igual, nem par, nem rival, e Ele não pode ser comparado à Sua criação.
Ele sabe melhor sobre Si mesmo e sobre os outros; Ele é mais verdadeiro e melhor no falar do que Sua criação. Além disso, Seus mensageiros são verdadeiros e deve-se crer neles, diferente daqueles que falam d’Ele sem conhecimento. Portanto, Ele diz (interpretação do significado):
“Glorificado seja teu Senhor, O Senhor do Poder, acima do que alegam! E que a paz seja sobre os Mensageiros! E louvor a Allah, O Senhor dos mundos!” [As-Saffat 37:180-182]
Assim, Ele se glorificou e se declarou muito acima do que Lhe atribuíam aqueles que se opunham aos Seus mensageiros e, também, enviou paz aos mensageiros, porque o que eles disseram estava livre de falhas e defeitos.
Ele, glorificado seja, descreveu-se em termos tanto de negação (o que Ele não é) quanto de afirmação (o que Ele é).
Ahl As-Sunnah wa'l-Jama'ah não pode se desviar do que os mensageiros trouxeram, pois é o caminho reto, o caminho daqueles a quem Allah concedeu favor, nomeadamente os profetas, os fortes e verdadeiros na fé (siddiqs), os mártires e os justos." (Al-Wasitiyyah ma'a Sharhiha por Shaikh Khalil Harras, pág. 65)
Como entender a crença nos nomes e atributos de Allah
A salvação só pode ser alcançada seguindo o caminho dos Companheiros do Profeta (que Allah esteja satisfeito com eles) e afastando-se de todos os outros caminhos, os caminhos daqueles que seguem caprichos e desejos e dos que introduzem inovações.
O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Minha ummah se dividirá em setenta e três grupos, todos os quais estarão no Fogo, exceto um grupo.” Eles disseram: Quem são eles, ó Mensageiro de Allah? Ele respondeu: “[Aqueles que seguem] o meu caminho e o caminho dos meus Companheiros” – como é narrado no hadith de ‘Abdullah ibn ‘Amr por At-Tirmidhi (2641), que o classificou como hasan. Também foi classificado como hasan por Ibn Al-'Arabi em Ahkam Al-Quran (3/432); Al-'Iraqi em Takhrij Al-Ihya' (3/284); e Al-Albani em Sahih At-Tirmidhi.
Se você deseja a salvação, então siga o caminho dos Companheiros do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele), pois é o caminho que foi seguido pelas primeiras gerações que acreditaram em todos os nomes e atributos divinos, e não os interpretaram mal, não os distorceram, não questionaram sobre como eram ou compararam Allah com Sua criação.
Quanto a você dizer que é “expresso de uma forma que as pessoas entendam, caso contrário ‘eles não o abarcam, em ciência’ [Ta-Ha 20:110]”, se você quer dizer que não podemos conhecer a natureza desses atributos e como eles são, e não podemos alcançá-Lo em conhecimento, isso é verdadeiro. Pois, sabemos que Allah é Oniouvinte, Onividente, e que este ouvir significa compreender o que pode ser ouvido e ver significa compreender o que pode ser visto, mas não sabemos como é essa audição divina, e não podemos abrangê-la no conhecimento. Dessa forma, Allah, exaltado seja, ouve todas as vozes ao mesmo tempo, apesar das diferenças em seus tipos, idiomas e dialetos; e Ele vê todas as coisas no reino superior e no reino inferior ao mesmo tempo. Isso é algo que não sabemos como é e não podemos compreender. E podemos dizer algo semelhante a respeito de todos os atributos divinos.
Portanto, conhecemos os atributos de uma forma, mas não os conhecemos de outra. Nós os conhecemos na medida em que são afirmados e sabemos o que significam, mas não sabemos como são ou qual é a sua verdadeira natureza.
Isto não se aplica apenas aos nomes e atributos de Allah; ao contrário, aplica-se a todas as questões do invisível que não podemos ver, como a bem-aventurança do Paraíso, por exemplo. Sabemos que no Paraíso há vinho e mel, e sabemos o que isso significa de acordo com o que vemos, mas temos a certeza de que o vinho e o mel do Paraíso não são como o vinho e o mel do nosso próprio mundo.
Al-'Allamah Al-Wasiti (que Allah tenha misericórdia dele) disse:
“Os atributos divinos são conhecidos em termos gerais e são afirmados, mas são incompreensíveis em termos de como são e de como se definem com precisão. Portanto, o crente os entende de uma forma, mas não os entende de outra. Ele está a par em termos de afirmação e consciência de que existem, mas não está a par em termos de compreensão de como eles são e sua definição precisa. Assim, podemos combinar a afirmação do que Allah afirmou para Si mesmo e a rejeição de qualquer distorção, comparando-O à Sua criação, ou dizendo que não sabemos o que aquilo significa. Isso é o que Allah, exaltado seja, quer de nós, contando-nos sobre Seus atributos, para que possamos conhecê-Lo através deles e acreditar que são reais, e podemos negar que sejam como os atributos de qualquer um dentre Sua criação." (An-Nasihah fi Sifat Ar-Rabb 'Azza wa Jall pág. 41-42)
Mas se você quer dizer que esses atributos não são reais e que só são mencionados para facilitar a imaginação das pessoas e torná-los compreensíveis para elas, então isso está errado. Este é o caminho dos filósofos, que sugerem que os atributos divinos são imaginários e não reais, o que se destina a servir os interesses do público para que possam acreditar em Deus.
As-Safarini (que Allah tenha misericórdia dele) disse:
“Quanto àqueles que se desviaram do seu caminho [o caminho dos salaf], existem três grupos: aqueles que dizem que os atributos divinos são imaginários, aqueles que interpretam mal os atributos divinos e aqueles que dizem que não sabemos o que significam os atributos divinos.
Quanto àqueles que dizem que os atributos divinos são imaginários – ou seja, os filósofos e os que seguem o seu caminho entre os estudiosos do kalam e os sufis – eles dizem que o que o Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) mencionou sobre a fé e o Último Dia é imaginário e serve somente para ajudar as pessoas a compreenderem e se beneficiarem, assim o público pode se beneficiar; ele não está falando da realidade e não é algo para guiar as pessoas à verdade ou explicar fatos. Não há incredulidade maior do que esta.
Aqueles que mal interpretam os atributos divinos são os que dizem que nos textos religiosos que falam dos atributos divinos, o Mensageiro não quis dizer que as pessoas deveriam acreditar em algo falso; ao contrário, ele pretendia passar alguns significados, mas não explicou quais eram e nunca indicou isso às pessoas. Em vez disso, ele queria que as pessoas pensassem e descobrissem a verdade por meio de seu raciocínio, e então se esforçassem para interpretar esses textos de uma maneira diferente daquela que o significado aparente indicaria. Assim, Seu objetivo era testar as pessoas e fazê-las se esforçar, pensar muito e usar seu raciocínio para encontrar uma interpretação diferente daquela que o significado aparente indicaria, e para aprender sobre a verdade através de algo diferente desses textos religiosos. Esta é a abordagem dos estudiosos de kalam, dos Jahmis, dos Mu'tazilis e de sua laia. O que suas palavras implicam sobre a intenção de enganar as pessoas e sua falta de sinceridade para com elas é muito óbvio, e suas palavras são contrárias ao que o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) trouxe e são contrárias ao que Allah atribuiu a Si quanto à compaixão e misericórdia. Estas pessoas fingiram apoiar a Sunnah, mas na realidade não apoiaram o Islam, nem conseguiram derrotar os filósofos. Em vez disso, abriram a porta para pessoas desorientadas e encorajaram os carmatas corruptos e esotéricos a interpretar o Alcorão e a Sunnah da maneira que quisessem.
Aqueles que dizem que não sabemos o que significam os atributos divinos são os que dizem que o Mensageiro não sabia o significado do que lhe foi revelado dos versículos que falam dos atributos divinos, e Jibril não sabia o significado dos versículos, assim como não sabiam as primeiras gerações. Isso é como dizem sobre os ahadith que falam dos atributos divinos, e dizem que o Mensageiro falou palavras cujo significado ele não conhecia. Esta é a opinião de muitos daqueles que afirmam seguir a Sunnah e alegam serem seguidores dos salaf. Eles dizem sobre os versículos e ahadith que falam dos atributos divinos: Ninguém conhece seus significados exceto Allah, e eles citam como evidência disso o versículo em que Allah, exaltado seja, diz (interpretação do significado): “E ninguém sabe sua interpretação senão Allah...” [Al 'Imran 3:7]. E eles dizem: Estes textos devem ser entendidos de acordo com o significado aparente, e para eles o que parecem significar é que têm um significado que só Allah conhece." (Lawami' Al-Anwar Al-Bahiyyah 1/116)
E Allah sabe mais.