Todos os louvores são para Allah.
O álcool é haram?
O álcool é uma substância intoxicante; todo intoxicante é khamr e khamr é haram. Existem duas questões relacionadas ao álcool:
A primeira questão é: é impuro (najis) ou não? A segunda questão é: tem efeito quando adicionado a outros ingredientes de medicamentos e alimentos?
O álcool é impuro?
No que diz respeito à primeira questão, a maioria dos estudiosos é da opinião de que o álcool é impuro (najis) num sentido físico real, mas a opinião correta é que não é esse o caso e que a sua impureza é metafórica.
O álcool em alimentos e cosméticos é haram?
No que diz respeito à segunda questão, se o álcool for adicionado a outros ingredientes em medicamentos e alimentos, ou terá um efeito claro ou não. Se o seu efeito for claro, é haram adicioná-lo e é haram usar esses alimentos e medicamentos, sejam eles consumidos como alimento ou bebida.
Se não tiver efeito quando adicionado a esses alimentos e medicamentos, é permitido usá-los, comê-los ou bebê-los. Há uma diferença entre consumir álcool não diluído e consumi-lo depois de adicionado a outra coisa. Se uma pessoa consumir sozinho, mesmo em pequena quantidade, não é permitido, e se for adicionado a outra coisa, deverão ser aplicadas as regras discutidas acima.
Segue uma resposta (fatwah) do Shaikh Muhammad ibn Salih al-‘Uthaimin discutindo este assunto em detalhes.
Ele (que Allah tenha misericórdia dele) disse:
“O álcool é uma substância intoxicante, como é bem conhecido, por isso é khamr, porque o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Todo intoxicante é haram.” De acordo com outro relato: “Todo intoxicante é khamr”. Com base nisso, se esse álcool for misturado a outra coisa e não for absorvido, então essa coisa se torna haram, porque o traço do álcool ainda é aparente. Mas se esse álcool for absorvido naquilo que está misturado, e nenhum vestígio dele puder ser notado, então essa coisa não se tornará haram, porque os estudiosos (que Allah tenha misericórdia deles) concordam unanimemente que se alguma impureza for misturada com água, mas não a mudar, então a água permanece pura. A relação entre o álcool e o que é misturado pode ser grande ou pequena, no sentido de que o álcool pode ser forte, caso em que uma pequena quantidade terá impacto no que é misturado. Ou pode ser fraco e, nesse caso, uma grande quantidade da mistura não terá impacto. Tudo depende se tem impacto ou não.
Depois, há mais duas questões a serem discutidas:
- O khamr é impuro no sentido real e físico, o que significa que não se deve tocá-lo e deve ser lavado se entrar em contato com as roupas, o corpo ou recipientes, ou não?
A maioria dos estudiosos é da opinião de que o khamr é impuro no sentido real e deve ser lavado se entrar em contato com o corpo, roupas, vasilhas, móveis ou qualquer outra coisa, assim como a urina e as fezes devem ser lavadas. Eles citaram como evidência disso o versículo em que Allah, exaltado seja, diz (interpretação do significado):
“Ó vós que credes! O vinho e o jogo de azar e as pedras levantadas com nome dos ídolos e as varinhas da sorte não são senão abominação: ações de Satã. Então, evitai-as na esperança de serdes bem-aventurados.” [Al-Maidah 5:90]
Abominação é impureza, com base no versículo em que Allah, exaltado seja, diz (interpretação do significado):
“Dize: ‘Não encontro, no que se me revelou, nada de proibido para quem queira alimentar-se, a não ser que seja animal encontrado morto, sangue fluido, ou carne de porco – pois é, por caerto, abominação…’” [ Al-An’am 6:145]
Em outras palavras, é impuro.
Eles também citaram como evidência o hadith de Abu Tha’labah al-Khushani, quando ele perguntou ao Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) a respeito de comer dos recipientes dos incrédulos. O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Não comei neles, a menos que não encontreis mais nada; nesse caso, lavai-os e comei neles.” Quanto ao motivo da proibição de comer nesses recipientes, foi narrado que eles costumavam colocar neles álcool, carne de porco e similares.
A segunda opinião sobre este assunto é que o álcool não é impuro no sentido físico real. Citaram como prova desta visão o fato de que o princípio básico é que as coisas são puras, e se algo é proibido, isso não significa necessariamente que seja impuro. O veneno é sem dúvida haram, mas apesar disso não é impuro. Eles disseram: O princípio islâmico é que tudo que é impuro é haram, mas nem tudo que é haram é impuro.
Com base nisso, o álcool permanece haram, mas não é impuro, a menos que haja evidências que indiquem que é impuro. Citaram também como prova o fato de que, quando o álcool foi proibido, os muçulmanos o despejaram nos mercados e depois não lavaram os recipientes. O fato de terem derramado algo impuro nos mercados indica que não é impuro, porque não é permitido a ninguém derramar algo impuro nos mercados dos muçulmanos, pois o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Evitai as duas coisas que provocam maldições.” Eles perguntaram: Ó Mensageiro de Allah, quais são as duas coisas que provocam maldições? Ele disse: “Aquele que faz suas necessidades na rua por onde as pessoas passam ou no local onde procuram sombra”. Além disso, eles não lavaram as vasilhas para limpá-las [depois de despejarem o álcool]; se fosse impuro, seria obrigatório lavar os recipientes após despejá-lo. Em apoio a esta visão, eles também citaram o relato comprovado no Sahih Muslim, que diz que um homem deu de presente ao Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) um odre cheio de vinho. O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse-lhe que aquilo tinha sido proibido, e um dos Companheiros sussurrou para aquele que havia trazido o vinho – o que significa que ele lhe disse algo em particular. O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “O que tu sussurraste para ele?” Ele respondeu: “Eu disse: Vende”. Mas, o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse-lhe para não vendê-lo e falou: “Quando Allah proíbe uma coisa, Ele também proíbe o seu valor.” Então, o homem abriu a boca do odre e derramou o vinho na presença do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele), e o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) não o instruiu a lavar a pele [recipiente de couro]. Se o álcool fosse impuro, o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) teria lhe dito que a pele [recipiente] estava impura e ele o teria instruído a lavá-la.
Quanto ao que foi citado como evidência por aqueles que dizem que o álcool é impuro no sentido real, nomeadamente o versículo (interpretação do significado):
“Ó vós que credes! O vinho e o jogo de azar e as pedras levantadas com nome dos ídolos e as varinhas da sorte não são senão abominação: ações de Satã. Então, evitai-as na esperança de serdes bem-aventurados.” [Al-Maidah 5:90]
Allah qualificou esta abominação apontando que é a ação que é questionável: “abominação: ações de Satã”; não é uma abominação ou impuro no sentido físico, com base no fato de que jogos de azar, sacrifícios em altares de pedra e uso de flechas adivinhadoras não são impuros no sentido físico, e as palavras que os descrevem como impuros e mencionam a impureza do álcool todas aparecem em um versículo e os descrevem como tal por uma razão: “Ó vós que credes! O vinho e o jogo de azar e as pedras levantadas com nome dos ídolos e as varinhas da sorte não são senão abominação: ações de Satã. Então, evitai-as na esperança de serdes bem-aventurados.” [Al-Maidah 5:90]. Sendo esse o caso, não podem ser interpretados ou compreendidos de duas maneiras diferentes, exceto com base em provas específicas nesse sentido.
Quanto ao hadith de Abu Tha’labah al-Khushani, a instrução para lavar os recipientes [dos incrédulos] não foi por causa da impureza, uma vez que existe a possibilidade de que a instrução para os lavar tenha o propósito de encorajá-los a afastar completamente o uso das vasilhas dos incrédulos, o que levaria a tornar as pessoas intimamente associadas a eles, e não por causa da impureza em si. É bem sabido que a impureza não pode ser confirmada com base na possibilidade.
Seja como for, este é o primeiro assunto que devemos discutir para responder a esta questão sobre o álcool. Uma vez estabelecido que o khamr não é impuro no sentido real, então podemos verificar que o álcool não é impuro no sentido físico real, portanto permanece puro como era originalmente.
- Quanto à segunda questão, se for certo que estes perfumes contêm álcool que tenha impacto por ser em grande quantidade, então é permitido utilizá-los sem beber?
A resposta para isso é que as palavras de Allah, “então evitai-as” [al-Maidah 5:90] têm significado geral e se aplicam a todas as formas de uso. Ou seja, devemos evitar comê-lo, bebê-lo, aplicá-lo como perfume e outros usos. Isto é, sem dúvida, mais prudente. Mas, evitá-lo não é estritamente obrigatório, exceto no caso de beber, porque Allah, exaltado seja, deu a razão para a ordem de evitar quando disse (interpretação do significado):
“Satã deseja, apenas, semear a inimizade e a aversão entre vós, por meio do vinho e do jogo de azar, e afastar-vos da lembrança de Allah e da oração. Então, abster-vos-ei disso?” [Al-Maidah 5:91]
Estas más consequências só aparecem no caso da bebida. Com base nisso, a prudência determina evitar esses perfumes, mas não podemos afirmar definitivamente que seu uso é haram.” (Fatawa Nur ‘ala ad-Darb)
Regra sobre produtos cosméticos
No que diz respeito à regra sobre produtos cosméticos, você pode saber mais consultando as respostas às seguintes perguntas: 10337, 1365, 20226 e 26799 .
E Allah sabe mais.