Todos os louvores são para Allah.
Em primeiro lugar:
Dar presentes é algo encorajado, porque suaviza os corações e fortalece os laços da irmandade islâmica.
O suborno é algo proibido, porque leva a atos ilícitos e à transgressão dos direitos das pessoas, além de reforçar o egoísmo.
A diferença entre eles é clara. Um presente é algo que uma pessoa dá a alguém que ama, enquanto um suborno é algo que é dado a alguém para que o doador ganhe algo ao qual não tem direito, ou com o intuito de renunciar a um dever que deve a outra pessoa.
No que diz respeito aos presentes que são dados aos empregados, se forem dados por causa da sua posição de autoridade no seu local de trabalho – ou seja, porque é para o chefe ou juiz – então é proibido. O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) proibiu isso, porque pode ser um meio de fazer com que aquele chefe ou juiz se incline à pessoa que lhe deu o presente, para que ele possa favorecê-la e dar algo ao qual ela não tem direito.
Com base nisso, o que um trabalhador dá ao seu colega de trabalho é um presente e não um suborno, porque o motivo do presente é a amizade e o amor, e o destinatário não tem autoridade ou poder pelo qual possa favorecer quem lhe deu o presente. Quanto a dar um presente ao patrão, isso se enquadra na categoria de suborno ou é um meio que pode levar a isso, porque o patrão tem poder sobre os trabalhadores e esse presente pode influenciar algumas de suas decisões.
Mas, no caso de pequenas coisas, como dar pedaços de chocolate, ou essas coisas que as pessoas costumam fazer não é considerado suborno, principalmente se for oferecido a todos os trabalhadores do escritório, sem excluir o patrão, pois exclui-lo não é apropriado – além de não ser algo que as pessoas costumam fazer: dar algo a todos os funcionários, mas excluir o patrão!
Em segundo lugar:
O paciente ou sua família não deve dar um presente ao enfermeiro ou ao médico, pois isso pode levá-los a prestar atenção extra a esse paciente, e isso será às custas de todos os outros pacientes, e em alguns casos pode desmotivar o enfermeiro a fazer seu trabalho e induzi-lo a não cuidar dos pacientes como lhe é exigido, exceto depois de receber um presente.
Mas, isso pode passar despercebido no caso de pequenas coisas, como chocolate e coisas do gênero, que as pessoas geralmente ignoram.
Foi perguntado ao Shaikh ‘Abd al-‘Aziz ibn Baaz (que Allah tenha misericórdia dele):
Qual é a regra sobre dar um presente ao médico depois de ele tratar o paciente? É lícito, permitido ou proibido?
Ele respondeu: Se ele – ou seja, o médico – estiver num hospital público ou numa clínica governamental, não lhe deverá ser dado nada. Mas, se o presente for dado a ele depois que o tratamento terminar, sem nenhuma promessa prévia nem nada, então talvez não haja nada de errado com isso. Porém, não fazer isso é mais prudente, mesmo depois do tratamento, porque pode levar a acordos prévios desta natureza, o que pode induzir o médico a prestar atenção redobrada a esse paciente e a negligenciar outros. O que penso é que não lhe deveria ser dado nada, mesmo depois de terminado o tratamento, para fechar a porta e não deixar espaço para tais acordos. Portanto, nada deveria ser dado a ele; ao contrário, deve-se oferecer súplicas por ele e rezar para que seja guiado e auxiliado. E pode ser dito: Que Allah o recompense com o bem; rogo a Allah que o ajude e oriente… e palavras gentis semelhantes." (Nur ‘ala ad-Darb 19/380-381).
Anteriormente, neste site explicamos que não são permitidos presentes que as pessoas dão aos trabalhadores por causa de sua posição. Por favor, consulte a resposta à pergunta n° 83590.
Se o muçulmano fizer algo proibido e não souber que é haram, então Allah o perdoará. Allah, exaltado seja, diz (interpretação do significado):
“E não há culpa, sobre vós, em errardes, nisso, mas no que vossos corações intentam. E Allah é Perdoador, Misericordiador.” [Al-Ahzaab 33:5].
Aquele que não tinha conhecimento da regra não cometeu pecado deliberadamente, e isso não tem qualquer impacto nos seus atos anteriores de adoração, como oração e jejum.
Allah, exaltado seja, também diz sobre aqueles que consumiram riba no passado, antes de saberem que era haram:
“Então, aquele a quem chega exortação de seu Senhor e se abstém da usura, a ele pertencerá o que se consumou e sua questão será entregue a Allah. E quem reincide, esses são os companheiros do Fogo. Nele, serão eternos.” [Al-Baqarah 2:275].
Além disso, você deve entender que não há conexão entre nada do que você mencionou e suas boas ações e atos de adoração, seja oração, jejum, zakat ou qualquer outra coisa, não importando se o que você fez foi permitido ou proibido. Tudo o que você fez [quanto a boas ações] não será estragado pelo fato de você ter cometido algum outro erro, então, que tal, se naquele momento, você não estivesse ciente e não percebesse que estava errado? E se a coisa fosse de fato permitida e não houvesse nada de errado com ela?
A coisa mais importante que aconselhamos você a fazer agora é ignorar completamente esses pensamentos intrusivos, e buscar refúgio em Allah, e não prestar atenção a eles, porque se eles ganharem controle sobre você, logo estragarão seus negócios neste mundo e no outro.
Há muitas respostas em nosso site sobre pensamentos intrusivos (waswas) e como lidar com eles. Esperamos que você leia essas respostas e se beneficie com elas. Aconselhamos também que consulte um médico especialista de confiança, porque a combinação de dois tipos de tratamento – um baseado na aquisição de conhecimento, mudança de comportamento e fortalecimento da sua fé, e outro baseado numa abordagem física e médica – irá acelerar a sua recuperação, insha’Allah isso irá aliviá-la da dor dos waswas (pensamentos intrusivos).
E Allah sabe mais.